Chile: 2 meses e contando
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Hoje, exatamente, completo o segundo mês no Chile. Para os que não sabem, a DeskMetrics foi selecionada para participar do programa de aceleração de startups do governo chileno, o Start-Up Chile e mudamos todos, de mala e cuia, para a linda e fascinante Santiago.
Quero separar este post em duas partes indepentendes: a primeira parte é falar sobre a experiência profissional e a segunda sobre a experiência pessoal. No final, obviamente, uma está conectada à outra.
Profissional
Quando fomos selecionados para vir pra cá, já estávamos com um planejamento de curto prazo razoavelmente bem definido. Nesses primeiros meses aqui estamos terminando de aprimorar nosso produto e eu, que antes estava focado em vendas, estou mergulhando fundo em Python, Django, MongoDB, e outras cositas más.
Em outro momento, escrevi sobre a minha retomada profissional, ao decidir voltar de uma vez por todas para o lado de quem suja as mãos com código, atacando três erros que havia cometido. Hoje tenho, mais uma vez, a convicção plena de que a escolha que fiz há 6 anos atrás foi mais que acertada e que construir produtos de software é o que eu realmente gosto de fazer. De verdade, mesmo tendo um pouco mais de 2 anos de formado, me sinto realizado profissionalmente. Não por que fiquei rico ou por que construí uma empresa de sucesso. Simplesmente por que sei que a base que estou construindo está se tornando sólida o suficiente para me levar onde meu empenho, esforço, suor e trabalho permitirem.
Isso é o que verdadeiramente importa e é o que dura mais tempo.
Aqui no Start-Up Chile estou tendo a oportunidade de ouvir e conversar diariamente com algumas das mentes mais brilhantes do mundo. Realmente o programa tem a força de colocar muitas pessoas excelentes juntas. E isso é fantástico! O impacto disso só será sentido daqui algum tempo e, parafraseando Einstein, “uma mente que se abre ao mundo jamais volta ao seu tamanho original”.
O contato pessoal direto é tão intenso e diversificado que os pontos não tão positivos e burocráticos são diminuídos a ponto de serem quase esquecidos. Tornam-se irrelevantes.
Pessoal
Há quase um ano larguei um emprego razoavelmente bom para desbravar, na prática, o mundo do empreendedorismo. Prototipei um negócio legal junto com um amigo e não levei adiante naquele momento. Depois me juntei ao time da DeskMetrics e, desde então, tenho experimentado os melhores dias da minha vida, profissional e pessoalmente.
A decisão repentina de largar meu último emprego assustou toda minha família, já que tinha apenas 25 dias que havia começado a trabalhar na empresa anterior. Já estava planejando essa mudança há um ano e ela já tinha data certa: Janeiro de 2012. Com toda a certeza, se não tivesse jogado meus planos fora, não estaria aqui hoje escrevendo esse post.
E por que alguém como eu, que aprendeu a tomar decisões de uma maneira nada passional, avaliando bem, beirando o conservadorismo, jogou seus planos fora dessa maneira tão repentina? Joguei meus planos fora quando uma tragédia pegou toda minha família de surpresa: a perda tão rápida quanto prematura de um primo jovem e cheio de planos. Com isso aprendi que na vida não podemos esperar muito tempo para realizar nossos sonhos porque, por alguma razão que não compreendemos e não aceitamos, a vida pode acabar em poucas horas. Hoje, além das boas lembranças e da saudade, sou grato por essa última lição que ele me deixou.
Sair de casa pela primeira vez não é fácil. Abrir mão de algumas muitas coisas, adaptar a uma realidade totalmente diferente do que você já viu é difícil. Muito difícil. E você não tem escolha. Em contrapartida, você é forçado a amadurecer rápido e, no final, você tem o mais importante: histórias para contar. E como já temos histórias ;)
Esses dias fiquei lembrando de quando, no 1º ano do 2º grau, meus pais insistiram para que eu fizesse um intercâmbio, e eu, rejeitei a ideia sem pensar muito. Talvez por medo, talvez por imaturidade ou, certamente, por uma mistura dos dois. Depois, no meio da faculdade, bateu um certo arrependimento.
Hoje, minha resposta é mais simples: tinha que ser agora. Tinha que ser no Chile!
(Já assisti este vídeo sete vezes e recomendo que você assista, pelo menos, duas)