Carreira: gestão, foco e diversão

Mesmo antes de acabar, o ano de 2010 ficará na minha memória como o ano mais importante da minha vida profissional. Não, não alcancei o pico da minha carreira, não atingi um salário de 5 dígitos, na verdade ela mal começou.

A importância desse ano está relacionada com o fato de ter conseguido identificar três erros graves que já cometi profissionalmente. Este post fala sobre a disciplina que devemos ter em relação à nossa carreira.

Antes de entrar nos três temas gostaria de dar uma breve contextualizada na minha jornada até aqui: entrei na faculdade em 2006 e, como todos os demais colegas, comecei a trabalhar a partir do 3º período da faculdade. Comecei sendo monitor de uma disciplina na universidade, depois fiz estágio e entrei no mercado de trabalho, de fato, no 5º período. Nada anormal, pelo contrário, tem gente que começa bem mais cedo, até mesmo antes de entrar na faculdade. Durante esse caminho, em que ia gostando e reafirmando minha total convicção da área que esolhi trabalhar para o resto da minha vida, inexplicavelmente, cometi três erros que, só depois de formado (o que ocorreu em dezembro do ano passado), foram se tornando cada vez mais latentes e que só os identifiquei a pouco:

• não pensei na gestão da minha carreira;
• não foquei o necessário no que era essencial;
• não me preocupei em ter a diversão pelo trabalho como aliada.

Como cheguei nessa síntese? Ao ir mais fundo, sem pensar nesses três erros e ir quebrando a cara, busquei nos livros de gestão, empreendedorismo, inovação, tecnologia e marketing um refúgio e um momento em que me desligava da rotina de trabalho e aprendia, dentre outras coisas, sobre gestão, foco e diversão. Aí foi pegar esses conceitos e colocá-los na análise do início da minha jornada profissional.

Gestão

É difícil falar para um calouro sobre gestão da carreira. Nesse momento ele quer beber no boteco em frente da faculdade, ir as calouradas e desfrutar da sensação de não ter que mostrar o dever de casa para o professor dar o visto. Mas hoje defendo três disciplinas obrigatórias para todos os cursos de graduação: Gestão da Carreira I, no primeiro período, Gestão da Carreira II, exatamente no meio do curso, e Gestão da Carreira III, no último período, tão importante quanto o Trabalho de Conclusão de Curso.

Aqui o aluno deve aprender sobre como o mercado de trabalho se comporta, como se comportar perante o mercado e, principalmente, ser estimulado a escrever seu primeiro plano de carreira (que deverá ser entregue junto com o TCC), parecido com os planos estratégicos que as empresas fazem a cada 5 anos, por exemplo. O mais importante aqui é aprender a identificar os possíveis rumos a seguir nos próximos anos, é ter os próximos passos que você gostaria de dar na sua carreira que ainda não começou.

Depois de formado, é continuar fazendo a gestão da carreira e os planos de carreira para um determinado período. Quem sabe entrar em um curso de MBA em Gestão da Carreira?

Foco

Imagino que qualquer jovem profissional que goste de trabalhar sinta-se hiperestimulado no início em abraçar tudo aquilo que lhe interessa. Já tive épocas em que lia um monte de coisa sobre um monte de coisa. Achava que seria rapidamente o especialista apenas lendo muito sobre administração de empresas, marketing digital, social media, SEO, desenvolvimento web, etc. Tudo isso ao mesmo tempo, desconhecia a importância da experiência, dos fios brancos e da calma, que não tem nada a ver com a preguiça, ok?

No desempenho do seu trabalho é bem diferente: na maior parte do tempo você não será obrigado a ser especialista de um monte de coisa ao mesmo tempo. Isso é quase sempre um tremendo tiro no pé, sua carreira pode te levar do desenvolvimento de software à assessoria de comunicação, mas não ao mesmo tempo. Ao invés de sair querendo fazer tudo por que você não começa a colaborar com seus pares das demais áreas que movem a sua empresa? É mais fácil e o resultado é muito melhor.

Enquanto a gestão olha para o futuro você deve ter bastante foco em desempenhar muito bem as atividades atuais previstas no seu plano de carreira, qualquer coisa além do que está previsto não pode ser o seu foco, no máximo um hobby sem nenhum tipo de obrigação ou cobrança pessoal.

Se quiser ou precisar mudar tudo de uma hora para outra, o que pode ser ótimo, volte ao seu plano de carreira primeiro.

Diversão

Agora que já temos pensamento de longo prazo com gestão e sabemos da necessidade de ter foco, colocando todo nosso potencial e energia no que importa agora, é necessário algum mecanismo que nos force a tornar essas duas disciplinas em hábito. Não há nada melhor do que simplesmente se divertir com o trabalho para que isso ocorra sem muito esforço.

Ao trabalhar naquilo que gostamos passamos também a ter uma relação saudável e até divertida com o trabalho. Somos automaticamente estimulados a pensar melhor na nossa carreira e a nos controlar e focar no que mais importa no momento, garantindo o desenvolvimento sustentável da carreira, com elevado grau de satisfação. Sem stress, sem depressão.